Inundação relacionada ao El Niño na Etiópia desalojou 120.000 pessoas

Imagem de Tiksa Negeri/Reuters

As inundações repentinas deslocaram 120.000 pessoas na Etiópia e um total de quase meio milhão deve ser afetado este ano, provocando outra crise relacionada ao clima no país que já sofre com uma seca severa.

Dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) mostraram que 119.711 pessoas em seis províncias foram deslocadas pelas inundações 'excepcionais' do mês passado. Algumas das regiões afetadas já foram duramente atingidas pela escassez de alimentos, disse.

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA) disse em um boletim que um total de quase 190.000 pessoas na Etiópia podem ser 'deslocadas em algum momento'.

As inundações que começaram no mês passado fazem parte do fenômeno climático global El Niño que já havia causado uma seca severa no país do Chifre da África após sucessivas chuvas fracas.

As agências de notícias afiliadas ao Estado disseram que até 50 pessoas morreram até agora por inundações ou deslizamentos de terra induzidos por inundações nas regiões do sul da Etiópia.

As inundações fluviais e repentinas causadas pelas chuvas 'belg' da Etiópia, que ocorrem de fevereiro a abril, devem afetar um total de 485.610 pessoas este ano, disse a UNOCHA. De acordo com a agência, essas inundações estão dificultando as entregas de ajuda alimentar no país da África Oriental.

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O fenômeno El Niño é um aquecimento das temperaturas da superfície do oceano no Pacífico oriental e central que ocorre a cada 3-5 anos, causando condições de seca em algumas regiões, enquanto aumenta as chuvas em outras.

As consequências globais incluem seca em algumas partes das Américas, leste e sul da África e sudeste da Ásia, bem como condições anormalmente mais úmidas em alguns países.

Secas severas e chuvas fortes assolaram partes da África Oriental e Austral nos últimos dois anos. O clima extremo causado pelo El Niño exacerbou os problemas da região, causando quebras de safra e surtos de doenças que deixaram quase um milhão de crianças desnutridas na necessidade de tratamento.

Enquanto países como a Etiópia e o Zimbábue estão passando por secas severas, a Somália e o Quênia foram atingidos por inundações. Zimbábue, Lesoto e a maioria das províncias da África do Sul declararam estado de emergência devido à seca, enquanto no Quênia as inundações alimentaram surtos de cólera.

Nas duas últimas safras, a seca na Etiópia deixou seis milhões de crianças necessitadas de assistência alimentar, além de forçar as crianças a procurar água, o que as mantém fora da escola. A seca na Etiópia deixou 10,2 milhões de pessoas precisando de ajuda alimentar e as agências de ajuda dizem que esse número pode subir para mais de 15 milhões até agosto, da população total do país de 90 milhões.

A Etiópia foi devastada pela fome em 1984, que matou centenas de milhares de pessoas, mas agora possui uma das economias que mais crescem na África e especialistas dizem que é muito mais capaz de lidar com uma nova crise.